Diário De Uma Escritora Dramática - Drama#1

13 janeiro, 2019
DIA 1

Você já sentiu como se estivesse flutuando no espaço, sem lugar para aterrissar os pés e sem qualquer nova ideia surgindo na sua cabeça? Pois é, se você nunca esteve assim, eu posso te contar que para alguém que não consegue ficar um minuto parada como eu, é bem ruim.

Se você, leitor, ainda não têm nem noção do que eu estou falando, vamos começar não pelo começo (que tipo de pessoa começa uma história pelo começo, me digam?!), mas pelo momento que eu estou agora: o indefinido.

Eu estou sem ideias. BUM! Não sei sobre o que exatamente escrever, mas sinto necessidade de escrever, então, sento e escrevo sobre mim. Sempre. Sobre a falta de assunto, sobre como estou me sentindo, sobre todas as coisas que acontecem não no mundo exterior, mas no meu próprio mundinho do lado de dentro. Tenho um caderninho que levo comigo para todo o lugar, meu fiél escudeiro, que carrega todos esses sentimentos indefinidos do meu peito. É quase como um diário, sabe? Um diário de uma escritora BEM dramática.

O que foi??? SOU DRAMÁTICA MESMO! Me dá um desconto, ser escritor é ser uma pessoa dramática. Drama e escrita são meus matchs preferidos e que eu sei que vocês, aí do outro lado da telinha, amam e sentem no coração o que estamos querendo dizer a vocês. Então, perdoem-me o drama, mas ele é um pecado totalmente permitido aos escritores viventes na terra.

Nos últimos meses, tenho escrito no meu caderno sobre todos esses sentimentos que quase me levaram à loucura. Sumi daqui, vocês perguntaram onde eu tinha me metido: eu estava viajando por dentro de mim mesma. Não que eu ainda não esteja, mas resolvi dar uma saidinha para deixar vocês a par da situação.

A questão é que um escritor sem ideias é um bicho perigoso. Pensei até em colocar um aviso na parte de fora da minha casa: “CUIDADO! Escritora sem ideias, pode ser letal a quem se aproxima!” (Novamente o drama, sigamos em frente).

Percebi que guardar toda esse incerteza sobre o que exatamente escrever não estava fazendo mais sentido. Não entendam mal: fez sentido sim, por um momento, mas agora preciso compartilhar todo esse processo com vocês. Esse, como você leitor já deve ter reparado, é o meu diário virtual aqui no blog. Vou deixar meu caderno por um tempo e escrever sobre tudo isso aqui na net, e vocês vão acompanhar os pensamentos profundos (e alguns nem tanto) de uma escritora dramática como eu.

Por quê resolvi fazer isso? Vejam bem, sempre gostei de me manter no controle da situação e, nesse momento, a situação está tomando conta de mim. Talvez fazer de um limão uma limonada (perdoe o ditado clichê, leitor) seja a melhor coisa para domar essa parte controladora e perfeccionista que vive em mim. E tudo começou assim:

Me peguei lendo várias vezes uma frase que li no livro “Para Roubar Como Um Artista”. Não lembro exatamente como estava escrito, mas era algo como escritores mais novos se sentirem mal o tempo todo por não saberem o que estão fazendo, mas que todo escritor, com carreira de 60 ou 1 ano na escrita se sente assim. A gente só aprende a escrever o que estamos escrevendo, escrevendo.

É isso mesmo, leitor: nós, escritores, somos os maiores atores que o mundo já viu. Sim, somos esses seres fantásticos de mil habilidades. Sentamos em frente ao computador, papel, guardanapo ou entre outros e fingimos saber exatamente o que estamos produzindo e querendo dizer, fingimos que sabemos exatamente para onde estamos indo. Mas a verdade é que não fazemos a menor ideia. Só sentamos ali, fingimos e fingimos por muito tempo até ser verdade. E aí, o fingimento convence até a nós mesmos, e a mágica acontece.

Não se engane quando perguntar a um escritor como vai o seu projeto em que ele começou agora a trabalhar e ele lhe der uma explicação firme e segura sobre exatamente tudo que aquilo vai se tornar. Leitor, ele não tem a menor ideia. Deixe-o descobrir, ora! Sem mais perguntas, por favor!

Acabei percebendo que eu estava nesse patamar: total e completa incerteza. Esse diário vai ser minha boia salva-vidas, meu maior fingimento: vou sentar aqui no computador e fingir, como um bom escritor faz, que tenho um projeto certo. E aí, leitor, quem sabe a mágica acontece? Não sei para que caminho estou indo, mas fiz as pazes com a sargento dentro de mim e estou começando a descobrir a flor espontânea a despreocupada que existe dentro do meu coração. Vamos deixar ela tomar as rédeas desse cavalo nesse momento.

Eu acredito muito que da incerteza é que as boas ideias surgem. Estou menos preocupada com o que escrever e mais preocupada em ESCREVER por si só. Ainda não descobri meu rumo, mas estou muito mais aberta para que ele me encontre, não acha?

Pois é, ser escritora é um grande desafio nessa vida, viu? Por ora, vou aparecendo por aqui, escrevendo várias coisas que são mero fingimento até eu começar a acreditar. A gente chega lá.

A escritora dramática (Ana Laura Marins)

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O que a menina da foto está pensando?Diário De Uma Escritora Dramática – Drama#2

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