Esse livro aí da foto já está amassado, dobradinho nas pontas e com algumas marcas de dedos nas folhas brancas. Acho que existe uma lei natural para que o livro fique desse jeito quando ele consegue nos cativar. Estamos tão absortos na história que nem reparamos em como estamos segurando o livro, se está amassando ou não.
Esse ano, depois de três anos da minha primeira leitura, resolvi reler “O Jardim Secreto”. Eu estava meio perdida, não sabia direito o que ler e não estava me animando com nada, e era como se o livro ali na prateleira sussurrasse meu nome.
A personagem que toma lugar principal na trama é Mary Lennox, uma menina indiana, magrela e de “cara feia”. Mimada que só ela, foi criada por sua Aia (babá) e quase nunca via a mãe. Era uma criança muito mal-humorada e que sempre queria as coisas no seu tempo, do seu jeito. O que muda seu destino é a epidemia de cólera que leva sua família e criadagem embora, deixando-a sozinha, esquecida dentro de seu quarto.
A menina é então levada a Inglaterra para morar com um tio distante, no meio da charneca de Yorkshire. Uma vez lá, uma lenda de um jardim secreto, trancado há dez anos, permeia os pensamentos da menina e lhe dá um propósito: encontrar a chave e ver como era esse tal jardim. Personagens como Dickon, Marta, o pisco-do-peito-ruivo e muitos outros vão ganhar o coração de todos os leitores, mostrando o lado mais negro e mais puro que temos para oferecer.
“Se você olhar bem, verá que o mundo todo é um jardim”
Nessas páginas extraordinárias, Frances Hodgson Burnett nos embala em uma história onde os principais inimigos não estão fora dos personagens, mas dentro. A angústias, traumas, solidão, amizade… Tudo isso entra em conflito. Conseguimos ver claramente os acontecimentos mudando os personagens, suas atitudes e seus medos, ao mesmo tempo que se juntam com seus temores em comum.
Reler um livro é uma experiencia singular. O Jardim Secreto me parece outro livro agora, na minha segunda leitura. Se eu precisar descrever essa história com apenas uma palavra, seriam duas palavras hahahaha. “sobre amor”.
Sabe aquele livro que dá um quentinho no coração? O Jardim Secreto consegue trazer o melhor que tenho dentro de mim, me encanta e me fascina como só ele faz. Tenho certeza que é uma história que faz parte de mim agora, mora no meu coração para sempre.
Foi feito um filme do livro, o qual também assisti. Porém, como esperado, não se compara ao livro em mil sentidos. A leitura não pode nem deve ser substituída pelo filme, ou estarão perdendo uma oportunidade sem igual de ler uma história extraordinária.
À noite, tenho a impressão que tenho que me despedir de Mary, da charneca, do jardim… É real, parece que de fato estou andando ao lado dela, sentindo o vento da Inglaterra no rosto e o cheirinho de terra molhada. Mary é como se fosse uma amiga próxima, alguém por quem tenho um imenso carinho.
Para quem perguntar, indicarei esse livro sem nem hesitar. Leiam uma, duas, três, mil vezes! Leiam, entrem no mundo de Mary e deixem-se levar pela escrita maravilhosa de Burnett.
Um jardim secreto, uma história para se guardar.
Ana Laura Marins
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