A Morte

O que torna real a morte de uma pessoa? Em um mundo como esse, onde vivemos apressados e, de repente, não estamos mais aqui? Não é a notícia, não é ver o corpo dessa pessoa. O que realmente torna real o fato de partir é uma palavra: era.Você se toma conta de que essa pessoa não viverá mais, não rirá, chorará, sonhará mais, quando outras pessoas se referem a ela como “era”. Era muito boa, era paciente, era muito compreensiva. Era, apenas era.

Era indica que essa pessoa está presa em um lugar inacessível , a não ser por lembranças. O passado. Essa pessoa nunca mais será “é”, mas sim “era”. Quando recebo a notícia de algum falecimento, descubro o quanto somos imaturos. Você se acha imortal? Bem, não sinto em lhe dizer que não é. Você vai morrer, eu vou. É inevitável.

No entanto, pessoas não falam em morte, não querem ouvir que vão morrer. Não temos medo da morte em si, temos medo de perceber que nunca vivemos de verdade. Temos medo do esquecimento, do “era”. Por causa disso, vou lhe contar mais uma novidade: você será esquecido. É outra coisa inevitável. Mas, e se o desafio não for ser lembrado, mas sim ser amado? Fazer a diferença para pessoas que se lembrarão.

Você pode não conquistar o mundo, mas se conseguir ajudar alguém, ajudar de verdade, você será eterno para essa pessoa, e isso é o maior presente. Então viva sua vida, faça loucuras, erre, acerte. Não tema a morte, faça dela sua amiga. Agarre a vida com força e, quando chegar a hora, solte-se sem medo.

O maior prêmio que você vai receber é quando chegar o momento muito distante em que alguém vai perguntar: “Quem era ele mesmo?”

Ana Laura S. Marins