MAUS, de Art Spiegelman

30 abril, 2019

MAUS- O HOLOCAUSTO

MAUS significa “rato” em alemão. Partindo da premissa de um cenário em que a Segunda Guerra Mundial é protagonista, o livro de Art Spiegelman é uma grande homenagem às histórias de todas as pessoas que sofreram o Holocausto, metaforizando essa relação judeu-nazista os representando, respectivamente, como rato e gato.

Também colocando os americanos como personagens cachorros e poloneses, como porcos, a leitura é lúdica e terrível ao mesmo tempo. Mostra como a humanidade é capaz de se comportar com ferocidade e irracionalmente diante de crises, como aconteceu durante a Guerra, e nos lembra do legado que essa animalidade deixou em nosso mundo.

   Art Spiegelman, responsável por escrever o livro em quadrinhos e desenhá-lo, é filho de Vladeck, judeu que passou pela guerra e sobreviveu à Auschwitz. O livro MAUS foi fruto de todas as histórias que Vladeck contava a Art de seu tempo passado na guerra e nos permite ver o cenário de 1945 com os olhos de quem, de fato, viveu os anos de terror.

Art conta desde o começo do relacionamento do pai com sua mãe, Anja — a quem ele dedica o livro também — e o nascimento do primeiro filho dos pais, Richieu, que não sobreviveu a guerra. A história alterna entre a vida pessoal de Art com Vladeck e as histórias do Holocausto, sendo o livro “duas histórias em uma”. O autor se desenha dentro do livro e a narrativa é embalada, justamente, pelo personagem de Art escrevendo o livro que temos em mãos. Vemos o autor indo até a cada do pai, ligando o gravador e ouvindo as histórias da Guerra. Em suma o livro é, também, a história de como o livro foi escrito.

 

A GUERRA DEIXA MARCAS

Essa sensibilidade não passou despercebida por mim e foi o que me fez amar ainda mais a história. Temos a oportunidade de ver Vladeck já velho contando suas histórias e esboçando as sequelas da guerra em sua vida, como sua mania de nunca querer comprar nada e usar tudo e qualquer coisa até o fim, como comida, pasta de dente… Tudo que remete ao que teve que fazer para sobreviver.

MAUS me tocou como poucos livros sobre a Guerra. É difícil representar as atrocidades como de fato foram sentidas pelas pessoas que as viveram, mas ouso afirmar que MAUS consegue. Talvez por se tratar de uma história muito íntima da família, sendo esta um pai contando-a a um filho, toda a obra tem mais sentido e coração.

Eu não gosto muito de ler quadrinhos, entretanto, creio que se esse livro não fosse assim não faria o menor sentido. A metáfora do judeu como rato e nazista como gato contribui para o nosso choque e terror ao ler sobre a guerra, de uma forma lúdica e simples.O fato de os quadrinhos não terem cor e toda a representação feita pelo quadrinista cria a atmosfera perturbadora, que evidencia a brutalidade da catástrofe do Holocausto.

O livro foi publicado em duas partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991. No ano seguinte, o livro recebeu o prestigioso Prêmio Pulitzer de literatura.  Desde que foi lançado, tem sido objeto de estudos e análises de especialistas de diversas áreas – história, literatura, artes e psicologia.

 

ART SPIEGELMAN – O AUTOR

Art Spiegelman nasceu na Suécia – Estocolmo, em 1948, logo depois do final da Guerra e de seus pais terem sido libertos em 1945. Foi naturalizado americano e iniciou sua carreira de cartunista, trabalhando em grandes revistas como a The New Yorker e suas gravuras e desenhos foram expostas no mundo todo.

Hoje MAUS é considerado o clássico contemporâneo dos quadrinhos e tem grande influência no mundo. O artista tem 71 anos e continua trabalhando (para a nossa alegria hehehehe amo!). Virei grande fã do trabalho de Spiegelman e da história de sua família, é uma leitura obrigatória para a vida!

Deixarei aqui embaixo a frase da pessoa responsável pela guerra, Adolf Hitler, como uma forma de refletirmos sobre tudo o que o discurso que UM HOMEM causou na Alemanha e no mundo, e como o poder da palavra, quando usada para o mal, resulta no que MAUS conta em sua história. Lamentemos, mas acima disso, lutemos por uma humanidade melhor da que existiu em 1945 e a que existe hoje.

“Sem dúvida os judeus são uma raça, mas não são humanos”

–ADOLF HITLER (do livro Minha Luta)

Ana Laura  Marins.
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Tirei 960 na redação do ENEM no 1° ano do Ensino Médio!Utopia: sonho ou pesadelo?

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