É só olhar para o céu

15 julho, 2018

Minha avó costumava contar histórias sobre luzes extraordinárias que ela avistara há tanto anos, sobre estrelas cadentes e mais um monte de coisas fantásticas sobre o gigante azul acima de nós: o céu.

Eu, a criança curiosa que era e a adolescente ainda mais curiosa que me tornei, não pude conter meu ímpeto imediato de virar os olhos e me conectar com a imensidão ali, me dando toda a infinidade e ao mesmo tempo, o limite de todo o meu mundo.

Ah, as estrelas… Quando eu tinha sete anos, eu costumava dizer que eram enfeites de natal na maior árvore de natal do mundo. Até que eu não estava tão errada assim.

Eu acreditava que havia alguém ali, morando na lua, que a acendia todas os dias. Minha maior preocupação era que aquele ser encarregado de apertar um botãozinho e iluminar a noite acabasse esquecendo de sua função. Será que devo mandar uma carta a ele?” “Ei, caro lunático, aperte o botão essa noite. Tenho medo do escuro”.

O engraçado é que, hoje, sou eu a quem muitas pessoas se referem como lunática. Dizem que vivo com a cabeça nas nuvens, o que pode não ser de todo ruim e de todo errado. Mal sabem eles que eu e o lunático fomos amigos quando eu era criança. Deve ter sido por isso que acabei indo morar lá na Lua com ele.

Eu amo ver a lua cheia. Quando está minguante, ela me lembra o sorriso do Chessie, da Alice, e minha noite fica muito mais alegre. Por alguns momentos, curtos e preciosos, posso me convencer que estou no País das Maravilhas, e que logo, logo estarei tomando chá com um chapeleiro meio piradão.

A questão é que o céu e eu sempre tivemos uma ligação muito íntima desde que eu acreditava em fadas e duendes. Ele sempre me espantou, me encantou e me encheu de perguntas. Sempre quis alcançá-lo. Acho que desde pequena, eu tinha essa mania de brigar com a realidade e me instalar confortavelmente entre a lua e as estrelas.

Tempo, realidade, verdade… tudo isso é relativo entre o negrume do céu. Às vezes, em um mundo onde todos querem ditar a você o que é o certo e o errado, não ter as respostas pode ser reconfortante. Não saber quando aquela estrela se formou ao certo, onde ela está e como ela é.

As estrelas me sussurraram, uma vez, que ouviram falar que na Terra todo mundo só se preocupa com o futuro. Elas sabem, as estrelas, melhor que ninguém que o tempo é um detalhe e que você pode continuar brilhando por muito tempo, independente do futuro ou do passado. Só o presente.

As pessoas deveriam parar de correr e levantar a cabeça um pouco, para o “infinito e além”. Olhar o céu é uma verdadeira escola para alma, e um conforto para o coração.

Ana Laura Marins

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